quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O botão e a rosa


O botão e a rosa
O antes e o depois

O oculto e o revelado
O interruptor e a luz
O fechado e o escancarado
A gasolina e o acelerador
O gelo e o vapor
A nuvem e a chuva
O doce e a criança
O peito e o leite
A felicidade e o sorriso
As mãos e o pianista
O olho e o olhar
O dormir e o sonhar
O fim e o durante
O denso e o vácuo
A casa e a porta
A roupa e a nudez
A alma e o corpo
A vida e a morte
O amor e a caridade
Deus e Jesus Cristo
O que é, e o que faz ser

O que tem que ser,
E o que não deveria mudar nunca
Um depois do outro
O outro sempre no um
Um não é sem o outro
O outro é sempre o um...

CB

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Gavetas vazias


Esbarrei sem querer...

As gavetas empoeiradas estavam lá
Contando, impunes, histórias que ninguém queria mais ouvir.
Abertas, expunham o vazio doído das lembranças abandonadas.
Guardavam, orgulhosas, as marcas do uso, desgaste do tempo,
Despautério da empáfia...

Como se dissessem, cada uma: eu tive, guardei, protegi, ocultei...
E agora, o que passou por aqui, ainda continuará meu.
Porque estiveram em mim, se fizeram de minhas formas,
Se encolheram em meus espaços...
Serão minhas sempre, parte de mim...

Mas, apesar do tanto que ocupam,
Coisas idas já não cabem mais...
São eco apenas, ausências, um não saber.
E deveriam ficar onde moram as lembranças.
E aliviar os espaços tão antigos, corroídos...
Triste fardo esse, dos que cultivam pesados vazios

Desencontradas do que significaram...
Desocupadas do que pensavam ser...
Gavetas vazias são vazias só,
Se sopro dentro...
São indiferente silêncio
Insustentável pó...


Carla Balthazar

sábado, 13 de outubro de 2012

Clarice


Olhei o olhar da moça
Calafrio o frio que ele dá
Um jeito doce de cortar afiado
Palavra, então, é o que ela sabe sangrar
O resto, é imensidão que não cabe dentro,
É luz brilhante que o nome traz... 
Clarice... 

CB