segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Mudança Radical

Fiquei pensando sobre essa notícia...
Visua novo agora é retrô?!

Um computador com visual retrô, inspirado em uma televisão da Philco de 1954, garantiu ao estúdio de design SchultzeWORKS um prêmio de uma competição para reinventar o computador pessoal de forma radical. O PC conceitual, que não está a venda, usa o moderno sistema operacional Windows 7 e tem teclas de máquina de escrever. (G1)

O novo reacende o antigo... e o torna novo de novo...
Então não é novo de verdade... Não é novidade?!
É apenas uma velha fogueira que fez da brasa queimada, novo espetáculo de luz...
Será o olhar apenas um filtro por onde o tempo segue no compasso de quem vê?
Não importa quando?










segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Vida


Já perdoei erros quase imperdoáveis,
tentei substituir pessoas insubstituíveis
e esquecer pessoas inesquecíveis.

Já fiz coisas por impulso,
já me decepcionei com pessoas
que eu nunca pensei que iriam me decepcionar,
mas também já decepcionei alguém.

Já abracei pra proteger,
já dei risada quando não podia,
fiz amigos eternos,
e amigos que eu nunca mais vi.

Amei e fui amado,
mas também já fui rejeitado,
fui amado e não amei.

Já gritei e pulei de tanta felicidade,
já vivi de amor e fiz juras eternas,
e quebrei a cara muitas vezes!

Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
já liguei só para escutar uma voz,
me apaixonei por um sorriso,
já pensei que fosse morrer de tanta saudade
e tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo).

Mas vivi!
E ainda vivo!
Não passo pela vida.
E você também não deveria passar!

Viva!!

Bom mesmo é ir à luta com determinação,
abraçar a vida com paixão,
perder com classe
e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve
e a vida é "muito" para ser insignificante.

(Charles Chaplin)



quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Sem raiz


Mais uma madrugada que chegou e me encontrou por aqui.
Hoje especialmente há um fantasma rondando em mim que não consigo identificar. O que me tira o sono nem sempre é ruim, mas também quase nunca é bom.
Estive a pensar sobre a relatividade do sabor que a lágrima pode ter. Essas mesmas lágrimas que não consigo deixar cair.
Talvez seja exatamente por isso que elas tenham um pouco do doce e um pouco do sal. Para que sirvam aos dois sabores.
São belas quando caem de felicidade...
São fel quando a dor é o que as derrama...
E eu não consigo nem uma sequer...
A mim parece que nem um dos sentimentos que me tomam sejam merecedores de uma só... fugidia que seja...
Pensamentos medíocres... sentimentos rasos... árvores sem raiz...
A luz do dia que chega não desperta o sol dentro de mim...

CB

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Tempo, tempo, tempo...


tempo, tempo, este ingrato...
sempre junto, sempre longe...
fugindo por entre os nossos vãos
parando por entre os nossos erros
quem disser que não se importa com a passagem do tempo
é porque nunca viveu a paragem das horas...
paralisia que apequena a alma e suprime o som das palavras.
quando tudo passa, menos o que nunca deveria ter chegado...

CB

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Paisagem...




Paisagem
Luiza Possi/Dudu Falcão

De longe na paisagem tudo é tão perfeito
Tudo é tão normal
De perto toda coisa linda mostra algum defeito
E eu me sinto igual

Eu e você descobrimos a pólvora
A diferença nos faz tão bem
Somos os mesmos há milhões de anos
Amantes, errantes, humanos!

Eu guardo as lembranças em fotografias
Tudo é de papel
Se eu já soubesse antes, eu te contaria
Sonhos de aluguel

Eu e você já moramos no mesmo céu
Nossas estrelas combinam...
Fomos os mesmos até hoje de manhã
Seus olhos de mar me fascinam...

E agora me conta o que aconteceu
Que eu ando encostando meus sonhos nos seus...

Eu guardo as lembranças em fotografias
Tudo é de papel
Se eu já soubesse antes, eu te contaria
Sonhos de aluguel

Eu e você já moramos no mesmo céu
Nossas estrelas combinam...
Fomos os mesmos até hoje de manhã
Seus olhos de mar me fascinam...

E agora me conta o que aconteceu
Que eu ando encostando meus sonhos nos seus...


(E eu ando colhendo sonhos nos caminhos feitos pelos passos teus... CB)

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Eu vou te contar


Eu vou te contar que você não me conhece.
E eu tenho que gritar isso
Porque você está surdo e não me ouve.
A sedução me escraviza a você.
Ao fim de tudo você permanece comigo,
Mas preso ao que eu criei
E não a mim.
E quanto mais falo sobre a verdade inteira,
Um abismo maior nos separa.
Você não tem um nome e eu tenho,
Você é um rosto na multidão,
E eu sou o centro das atenções.
Mas há mentira na aparência do que eu sou
E há mentira na aparência do que você é,
Porque eu não sou o meu nome
E você não é ninguém.
O jogo perigoso que eu pratico aqui
Busca chegar no limite possível de aproximação
Através da aceitação da distância
E do reconhecimento dela.
Entre eu e você
Existe a notícia que nos separa.
Eu quero que você me veja nu.
Eu me dispo da notícia
E a minha nudez parada,
Me denuncia e te espelha.
Eu me dilato,
Tu me relatas,
Eu nos acuso e confesso por nós.
Assim me livro das palavras
Com as quais você me veste.

(Fauzi Arap)

domingo, 28 de junho de 2009

Descida luz


Quando a alma toca o chão
e tudo em volta é esquecimento
a lua desce e baixa mais que a sua luz
e nada parece ter mais vazios que o coração

É quando a vida parece que já não tem porque ficar
E o botão que condensa o porvir da beleza da flor
já não desperta a esperança de ver a pétala nascer

Eu me calo e palavras são meu vão
Por onde vou sumindo e me escondendo do que um dia fui
Sangro em gotas demoradas meus pensamentos
Que não combinam mais com o que tem que ser

Sei que vou indo derramando o que há de mim por aí
Vou doendo, esvaziando, desencontrando
Não faço sentido
Nem quero fazer

CB

terça-feira, 16 de junho de 2009

Alma Nua

Alma Nua
Vander Lee


Ó Pai
Não deixes que façam de mim
O que da pedra tu fizestes
E que a fria luz da razão
Não cale o azul da aura que me vestes

Dá-me leveza nas mãos
Faze de mim um nobre domador
Laçando acordes e versos
Dispersos no tempo
Pro templo do amor

Que se eu tiver que ficar nu
Hei de envolver-me em pura poesia
E dela farei minha casa, minha asa
Loucura de cada dia

Dá-me o silêncio da noite
Pra ouvir o sapo namorar a lua
Dá-me direito ao açoite
Ao ócio, ao cio
À vadiagem pela rua

Deixa-me perder a hora
Pra ter tempo de encontrar a rima
Ver o mundo de dentro pra fora
E a beleza que aflora de baixo pra cima

Ó meu Pai, dá-me o direito
De dizer coisas sem sentido
De não ter que ser perfeito
Pretérito, sujeito, artigo definido

De me apaixonar todo dia
De ser mais jovem que meu filho
E ir aprendendo com ele
A magia de nunca perder o brilho

Virar os dados do destino
De me contradizer, de não ter meta
Me reinventar, ser meu próprio Deus
Viver menino, morrer poeta

terça-feira, 5 de maio de 2009

Murmúrio


Traze-me um pouco das sombras serenas
que as nuvens transportam por cima do dia!

Um pouco de sombra, apenas,
- vê que nem te peço alegria.
Traze-me um pouco da alvura dos luares
que a noite sustenta no teu coração!
A alvura, apenas, dos ares:
- vê que nem te peço ilusão.
Traze-me um pouco da tua lembrança,
aroma perdido, saudade da flor!
- Vê que nem te digo - esperança!
- Vê que nem sequer sonho - amor!

(Cecília Meireles)

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Anjos...


Que existem anjos...
isso eu já sabia...

Que eles são lugar do que é belo...
isso eu já imaginava...

Que eles estão por toda parte...
isso eu desconfiava...

Que anjos podemos ser nós....
isso eu assustei...

Que Deus nos fala através deles...
isso eu duvidava...

Que anjos, mesmo longe, estão cá dentro...
isso eu comprovei...

Eu e meus anjos somos assim...
Eu cuido de precisar deles...
E eles cuidam de eu cuidar de mim...

carla b.

quinta-feira, 12 de março de 2009

mar adentro


sou resposta para o que não tem questão
e meu coração é sol poente
morrendo no horizonte
do caminho que não sabe chegar

asas que se abrem sem ter como voar
levando ao tempo um motivo de não mais seguir
não conheço razão de querer continuar

mas continuo, enfim...
mar adentro, mar intenso dentro em mim
revolto e manso, raso e profundo,
de sombra, luz e calafrio

o descompasso dos opostos que há nos fins
faz entender os passos do caminho
e caminhando vou tecendo a caminhada
e caminhando sigo sendo
e assim sendo, vou seguindo o que sou


(carla balthazar)

sábado, 7 de março de 2009

4º Motivo da Rosa


Não te aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.

Rosas verá, só de cinzas franzida,
mortas, intactas pelo teu jardim.

Eu deixo aroma até nos meus espinhos
ao longe, o vento vai falando de mim.

E por perder-me é que vão me lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim.


(Cecília Meireles)

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Com licença poética


Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável.
Eu sou.



(Adélia Prado)