quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Demora feliz

Hoje tenho o sabor doce das horas sem demoras. Sinto que o dia não tem razão pra acabar na noite que se aproxima. Como se fosse possível carregar no que se sente, a fartura das horas contadas nos ponteiros do relógio, e assim conseguir fazer com que a hora de acabar não se acabe quando deve.

Queria poder cantar este dia com acordes de harmonia e perfeição. Mas não são os dias perfeitos que merecem a eternidade do descompasso das horas. Dias perfeitos são planície onde o rio não corre, mas se arrasta a procura de uma queda que o impulsione. O diverso das cores e o contraditório das emoções é que dá a medida do que vale a pena continuar.

Ter a felicidade por si só não faz a diferença de uma vida. O que me dá motivo de sorrir é a lágrima que um dia derramei. Se não tiver a oportunidade de ser só, não saberei o proveito da presença que me acalenta.

Como a solidão faz do outro um tesouro a cuidar,
o frio dá sentido ao calor.
a lágrima dá gosto ao sorriso.
o grito dá razão ao silêncio.
a queda dá leveza ao levantar.
o insondável dá motivo à fé.

Hoje, é um desses dias que tenho ansiado, dia dessas horas pelas quais tenho esperado... Quando a vida parece que fica em suspenso para que o paradoxo dos meus contrários passe por mim sem pressa de ir embora. Eu espero por essas horas e elas esperam também em mim. E assim me descubro feliz por poder entender que felicidade não se apreende em um só significado.

Felicidade é coisa que não se define, é coisa que não existe assim, como um vocábulo a ser exemplificado. Felicidade, a que existe (e isso não é pecado haver em mim), é a segurança dos meus erros que me apontam os acertos. É tudo aquilo que há em mim que me faz perceber o outro como um componente do que há em mim.

O que de fato existe,
é esse sorriso bobo
De quem entendeu que viver
é feito de opostos, de verdades díspares e momentos ímpares
é feito do sal no meu sorriso,
de sangue, suor e colheita.

E que ser feliz
é só um jeito de reconhecer
que opostos não se atraem
mas se complementam pela diferença que hão de ter

E assim, as horas se demoram em mim
Sem pressa... cultivando laços, abrindo espaços
E eu vou me deixando demorar
No incompatível que há em mim...
feliz, vivendo enfim...

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Mais uma noite...

6h30...

da janela do meu quarto eu vejo...

...o sol chegando e trazendo consigo a brancura da tela virgem que prenuncia possibilidades...
Eu indo tentar deixar meus sonhos se ocuparem do sono que não consigo encontrar...
Vamos ter um lindo dia, com certeza...

Sem querer eu percebo que tenho a janela no lugar que eu sempre quis...

"Casinha Branca"

Eu tenho andado tão sozinho ultimamente
Que nem vejo em minha frente
Nada que me dê prazer
E vejo cada vez mais longe a felicidade
Vejo em minha mocidade
Tanto sonho se perder

Eu queria ter na vida simplesmente
Um lugar de mato verde
Pra plantar e pra colher
Ter uma casinha branca de varanda
Um quintal e uma janela
Só pra ver o sol nascer

Às vezes saio a caminhar pela cidade
À procura de amizades
Eu vou seguindo a multidão
Mas eu me retraio olhando em cada rosto
Cada um tem seu mistério
Seu sofrer, sua ilusão

Eu queria ter na vida simplesmente
Um lugar de mato verde
Pra plantar e pra colher
Ter uma casinha branca de varanda
Um quintal e uma janela
Só pra ver o sol nascer

Só pra variar II...

5h35...

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Arrumando as malas parte II

Cabo Frio... foi perfeito...

O Show... Sem palavras...
O resto.... depois comento...


Re-arrumando as malas...


Desta vez...


quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Arrumando as malas parte I

Cabo Frio...



indo para lá...



adivinha para quê???

ainda



5h35

e eu ainda por aqui...
sono??? isso é pra comer ou pra usar???
(lá vou eu...)

5 minutos


Hoje é noite de céu iluminado....

Não sabia disso aqui de onde eu estava. Cheguei lá fora, com algum pretexto que já não me lembro, e foi aí que eu vi, a noite com as estrelas mais bonitas, mais brilhantes que eu já pude ter. Talvez seja só a mesma noite de outro dia, mas tanta beleza ainda tem o poder de me surpreender como se fosse a primeira vez.


Já está quase amanhecendo, mas ainda assim resolvi ficar 5 minutos fazendo o que mais gosto de fazer em minha casa. Apagar todas as luzes e olhar pro céu em noite assim, perfeita. Silêncio e céu estrelado. Fiquei de pé mesmo, porque se fizesse como de costume, deitar na rede ou na espreguiçadeira, corria o risco de não querer sair até que a manhã viesse me expulsar.

Os cães deitaram-se aos meus pés e me olhavam como se não entendessem o que estaria eu fazendo ali fora, na madrugada fria e silenciosa, olhando pro alto...
5 minutos foram suficientes para recolher mais momentos preciosos. Mais uma estrela cadente e um profundo supiro de agradecimento por estar olhando pro lugar certo na hora certa. Quando achei que já tinha recebido meu pequeno milagre, ainda veio passear no meu céu um dentre tantos lixos espaciais que orbitam a terra. Cruzou o céu até sumir perto das "Três Marias".
Engraçado lembrar da primeira vez que vi a "estrela" que se movia. O susto, pavor, fiquei estática por um tempo incalculável, talvez 1 minuto, ainda assim incalculável. Estranho mesmo pensar estar diante de algo totalmente desconhecido à parca sabedoria humana. Fez-me sentir um nada no universo, menos do que uma gota no oceano. As pessoas com quem comentei, me olhavam com um quê de pena e riso, quase dizendo: "Deus! Ela tá ficando maluca!". Mas o Google me resolveu este impasse de ignorância, e agora não me assusto mais, apenas tenho pensamentos não muito amistosos para com os EUA, os maiores provedores de lixo espacial do nosso planeta.
Pode ser lixo, pode ser errado, mas é lindo! Acho lindo, não tem como não achar.

Foram 5 minutos, pra se entender uma vida toda.
Agradeci a Deus uma vez mais pelo olhar certo na hora certa, e me convenci: a gente reclama tanto, de tudo e de todos, do que se tem e do que não se tem, que não nos permitimos olhar na direção certa na hora certa. E assim, deixamos passar tudo o que deveríamos ver, sem nos darmos conta disso. Deixamos, até, uma vida inteira passar por nós mesmos, sem nos darmos conta de vivê-la.
Não temos o hábito de olhar para o céu e passamos a achar que estrelas cadentes são coisas raras, difíceis de se encontrar. O problema está justamente aí: assim como Deus, as estrelas cadentes estão sempre por aí, todas as noites, em todos os lugares, a gente é que fica olhando pro lugar errado.


"Quem quiser ver estrelas cadentes,

que olhe para o céu, que é o seu lugar"

madrugada


4h16
de novo....


será que poetas dormem pouco?
ou só os loucos?

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Amor de amar

Conhecer-te, é amar-te
Não conhecer-te, é amar-te mais
compreender essa contradição que me toma
É coisa da qual não me ocupo

Deixo meu coração bater a batida que sabe
não quero fórmulas prontas, medidas e calculadas
tampouco perfeitas harmonias
que duram a eternidade de uma semifusa

Não quero as prisões que enlaçam a pretexto de unir
que separam por assim ser, de tão perto que serão

Deixo pra outros o ardor das paixões que chegam
Quero a certeza de que levo-te aqui dentro
e que, de vez em quando, eu possa te sorrir
mesmo que nunca sejamos, em comum,
um alguém por quem viver

Deixo a chama tênue do meu querer bem
que aquece e ilumina meu coração em desatino
abrandar a saudade que sinto do que nunca terei,
e calar a dor de amor que me ronda
à procura de fazer do meu lugar a sua morada.

Amar assim,
é viver a loucura de uma vida inteira
mas é o que me faz seguir por esses destinos
de incertezas e solidão velada

o inesperado do amor que me acolhe, acata, que me eleva
essa certeza de saber o bem do amor que amo
me faz querer ser pessoa por inteiro
me faz querer por inteiro
me faz por inteiro

À minha medida, é esse meu amor
amor que nunca terá sua hora de chegar
e ainda assim, é tudo o que me basta
com seu segredo de guardar o que poderia ser
e ainda assim, não ser

é por isso que amo, do jeito que amo:
não pelo que nunca será em nós
mas pelo que já é em mim

é por isso que amo,
só por ser assim...
eterno...
eternamente só em mim.


(Carla Balthazar)

Erva daninha


O tempo passou de novo e eu... nada de aparecer por aqui. Tenho tentado... verdade. Mas falta coisa q escrever... não os assuntos... faltam as palavras. Tem horas que a gente pensa não saber sequer falar, quanto mais colocar em palavras, prosas e versos, o que vai aqui por dentro. Esses dias tem sido assim.
Tenho pensado muito, mais do que o normal (que já é muita coisa!). Sobre todos os assuntos, pessoas, acontecimentos.
A realização do sonho de ter um carro um pouco melhor esbarrou numa certa incapaciade de lidar com o meu melhorar, progredir. Tive que reconhecer que já muita coisa passou, mas ainda há o que se arrancar, como ervas daninhas que vão se instalando e a gente só se dá conta quando já estão em todo o jardim.
Tenho medo, e sou sincera aqui. Não devia, mas tenho. Ter, conseguir ou fazer algo um pouco melhor do que existe agora, não é coisa com a qual eu tenha me acostumado. Arrisco até a dizer que são coisas que proibí em minha vida. Viraram um grande tabu. Me acostumei ao "mais-ou-menos", à comodidade de não lutar por meu algo a mais.
Não culpo ninguém. Hoje, mais que nunca, sei que, em nossa vida, só podem ir até onde nós permitimos. E se em algum momento, eu deixei que me fizessem acreditar que a derrota e paralisia são coisas contra as quais não tenho como lutar, a culpa é minha.
Mas não vou ficar sofrendo por esta culpa ou continuar me culpando pelo que eu permiti em mim. Isso não.
Reconhecer meus limites já é um começo... um bom começo.
Finalmente amanhã vou pegar o carro... e ele é lindo!!!

Obrigada, sempre, meu Senhor e meu Deus...

PAZ E BEM!!!

(saudade já da melissinha...)