quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Contradição


Por estar tão só, se fez de vários.
A cada momento era um que lhe fazia afronta,
Lhe dava conforto, lhe fazia chorar enxurradas e sorrir convulsões.
A cada dia era um que queria coisas diferentes, pessoas diferentes,
Comidas diferentes, camas diferentes...
A cada pensamento mudava... de um para o outro,
Tentando alcançar a inteireza de tudo o que não podia ser.
Quando o sol se punha, era a lua.
Quando a noite se ia, era a manhã.
Era contradição de si mesmo,

Querendo ser tudo, sabia ser nada.
Era só quando o dia impunha o vazio de seus espaços,
Quando as luzes ficavam do lado de fora,

Quando as vozes ficavam a distâncias inaudíveis,
É que sua solidão saía de suas sombras
Ocupava seus lugares, suas entranhas,
Suas dores, suas razões tortuosas,
E voltava a ser nenhum.
Era a contradição de ser o mesmo.

C.B.

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