Não é questão de entender
Não é questão de retribuir
Nada do meu amor espera compreensão
ou a sua paga, seja ela qual for
Meu lado melancólico, às vezes, sim... espera impaciente
Mas isso, uma hora, passa... Tudo passa.
Sou, ao mesmo tempo, o porto e o velho farol
Mesmo quando sou embarcação à deriva
Não sei pedir acolhida
Tropeço, erro, invado, aglutino
Engano e me desengano
Machuco e me machuco
Que me perdoem por esses desacertos
Acho que é melhor continuar assim
Sem carecer de colo, de choro calado e sozinho
E a sorrir por aí esperados sorrisos vazios
Mas isso, uma hora, também passa.
O que, afinal, não passa?
terça-feira, 11 de fevereiro de 2014
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
Outros Azuis
Amanhã hei de acordar com um pedaço a menos de mim.
Ando faltando partes desavisadamente caídas.
Mas para contrariar minha incompletude,
Meus olhos, vadiando de cansados que estão,
Ainda conseguirão perceber
Que existem outros azuis...
Mais belos, mais profundos, mais celestes.
Além daquele que se aprisiona toda manhã
No vão da minha janela quase aberta.
CB
Vento Favorável
Quem as tem e não as usa,
Perde-as por imenso absurdo.
A gente que nasce sem,
Voa contra tudo e assim vai...
Contra a terra que prende o pé,
Contra o tempo que derrota a vontade,
Contra a cegueira de quem não crê,
Contra a falta de altitude,
Contra a falha de atitude,
Até que a teimosia de ter esperança
Em ter o céu por destino
E ser o azul por todos os lados,
Traga as penas em longas asas
E o vento favorável."
CB
CB
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
O botão e a rosa
O botão e a rosa
O antes e o depois
O oculto e o revelado
O interruptor e a luz
O fechado e o escancarado
A gasolina e o acelerador
O gelo e o vapor
A nuvem e a chuva
O doce e a criança
O peito e o leite
A felicidade e o sorriso
As mãos e o pianista
O olho e o olhar
O dormir e o sonhar
O fim e o durante
O denso e o vácuo
A casa e a porta
A roupa e a nudez
A alma e o corpo
A vida e a morte
O amor e a caridade
Deus e Jesus Cristo
O que é, e o que faz ser
O que tem que ser,
E o que não deveria mudar nunca
Um depois do outro
O outro sempre no um
Um não é sem o outro
O outro é sempre o um...
CB
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
Gavetas vazias
Esbarrei sem querer...
As gavetas empoeiradas estavam lá
Contando, impunes, histórias que ninguém queria mais ouvir.
Abertas, expunham o vazio doído das lembranças abandonadas.
Guardavam, orgulhosas, as marcas do uso, desgaste do tempo,
Despautério da empáfia...
Como se dissessem, cada uma: eu tive, guardei, protegi, ocultei...
E agora, o que passou por aqui, ainda continuará meu.
Porque estiveram em mim, se fizeram de minhas formas,
Se encolheram em meus espaços...
Serão minhas sempre, parte de mim...
Mas, apesar do tanto que ocupam,
Coisas idas já não cabem mais...
São eco apenas, ausências, um não saber.
E deveriam ficar onde moram as lembranças.
E aliviar os espaços tão antigos, corroídos...
Triste fardo esse, dos que cultivam pesados vazios
Desencontradas do que significaram...
Desocupadas do que pensavam ser...
Gavetas vazias são vazias só,
Se sopro dentro...
São indiferente silêncio
Insustentável pó...
Carla Balthazar
sábado, 13 de outubro de 2012
Clarice
Olhei o olhar da moça
Calafrio o frio que ele dá
Um jeito doce de cortar afiado
Palavra, então, é o que ela sabe sangrar
O resto, é imensidão que não cabe dentro,
É luz brilhante que o nome traz...
Clarice...
CB
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
Ruínas
Destruídas de si mesmas, sou a forma que me dão
Meu chão guarda em suas tábuas corroídas meus passos que já não sabem ir
Minhas paredes de tijolos ocos ecoam a solidão dos vazios das ante-salas
Nada por ali passa, nada por ali é antes, nada por ali quer ser
Eu entro, passo, saio e só...
Do que um dia o tempo ainda não havia passado por lá
Destituidas da inteireza da novidade, sobrevivem de significados
São do todo, a parte que consegue identificar a beleza da ausência
Foram do tempo, testemunhas da vida que vai, vem e ninguém vê
São de mim, o que me basta e o que me falta
São para mim... lugar de achar as partes que me vou deixando pelo caminho...
Imperfeitas... gastas... cheias de marcas...
São minhas ruínas que me fazem recordar
Que o sentido do meu ser não cabe nas pequenas partes destruídas, amputadas
Cabe, sim, nas lembranças imutáveis do que um dia foram.
E no vazio que isso traz...
Paradoxo do caos.
Eu sou.
Desconstruída ruína
Que sabe de si que um dia foi inteira
E que agora não se reconhece mais.
C.B.
Meu chão guarda em suas tábuas corroídas meus passos que já não sabem ir
Minhas paredes de tijolos ocos ecoam a solidão dos vazios das ante-salas
Nada por ali passa, nada por ali é antes, nada por ali quer ser
Meu telhado de telhas cansadas do sol antigo
Não sabe mais recobrir e expõe em frestas doídas as entranhas do que não quero ver
Tudo ao redor lembra o que até o tempo já esqueceu
Tudo ao redor esquece o que um dia eu fui
Não há luz que ilumine
Não há janela que se abraEu entro, passo, saio e só...
Sou afeita às ruínas
Destruidas, ainda conseguem guardar em si a beleza do que um dia foiDo que um dia o tempo ainda não havia passado por lá
Destituidas da inteireza da novidade, sobrevivem de significados
São do todo, a parte que consegue identificar a beleza da ausência
Foram do tempo, testemunhas da vida que vai, vem e ninguém vê
São desfeitas, só para que sejam em algum lugar,
Quem já não sabia maisSão de mim, o que me basta e o que me falta
São para mim... lugar de achar as partes que me vou deixando pelo caminho...
Imperfeitas... gastas... cheias de marcas...
São minhas ruínas que me fazem recordar
Que o sentido do meu ser não cabe nas pequenas partes destruídas, amputadas
Cabe, sim, nas lembranças imutáveis do que um dia foram.
E no vazio que isso traz...
Paradoxo do caos.
Eu sou.
Desconstruída ruína
Que sabe de si que um dia foi inteira
E que agora não se reconhece mais.
C.B.
Absolutamente
Não
Eu não quero palavras bonitas
Perfeitas, limpas, nem mesmo as benditas
Quero as exlcuídas
Impuras, proibidas
Essas que tem um cheiro de malditas
Quero as que ficam no oco do silêncio
Que não tem som, nem podem ter
Essas que não dizemos, que são o que nos despe e nos entrega
Isso que fica no vão entre a boca e o ouvido
Quero o fruto, o proibido
Quero o silêncio que dá vida aos delírios
Quero o que me oprime,
O que tira o ar dos pulmões
O que coloca sangue em minhas veias
Quero os contrários do óbvio
O que não faz sentido
Tudo aquilo que me exclui
Não quero a palavra que salva
Não arrisco a salvação, pois que não me cabe
Quero os abismos, as profundezas
Os desencontros da alma
Não preciso estar perto de Deus
Perfeição demais, pois que não me cabe
Preciso é sair de mim, de tudo o que me cerca
Não quero a cerca e suas farpas
Quero integralmente
Quero absolutamente
Com fome, sede, gana e pressa
Conjugar o verbo mais oculto em mim
C.B.
Quero os contrários do óbvio
O que não faz sentido
Tudo aquilo que me exclui
Não quero a palavra que salva
Não arrisco a salvação, pois que não me cabe
Quero os abismos, as profundezas
Os desencontros da alma
Não preciso estar perto de Deus
Perfeição demais, pois que não me cabe
Preciso é sair de mim, de tudo o que me cerca
Não quero a cerca e suas farpas
Quero integralmente
Quero absolutamente
Com fome, sede, gana e pressa
Conjugar o verbo mais oculto em mim
C.B.
Campos de Trigo
"O trigo para mim não vale nada. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos dourados. Então será maravilhoso quando tiveres me cativado. O trigo que é dourado, fará com que eu me lembre de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo..."
(Antoine de Sain-Exupéry em "O Pequeno Príncipe")
Eu não tenho os campos de trigo
E, que possa lembrar, nunca estive em um
Nos caminhos por onde cresci, por onde andei, são outros os frutos da terra
Mas tenho o mesmo vento que um dia soprou sobre o dourado dos grãos
E tenho também o dourado dos teus cabelos
E por eles, sinto a beleza dos campos de trigo
E imagino que o vento que barulha lá fora, já esteve no dourado dos trigos...
E porque me trazem você,
Amo o barulho que ele faz...
C.B.
(Para Caio)
C.B.
(Para Caio)
Contradição
A cada momento era um que lhe fazia afronta,
Lhe dava conforto, lhe fazia chorar enxurradas e sorrir convulsões.
A cada dia era um que queria coisas diferentes, pessoas diferentes,
Comidas diferentes, camas diferentes...
A cada pensamento mudava... de um para o outro,
Tentando alcançar a inteireza de tudo o que não podia ser.
Quando o sol se punha, era a lua.
Quando a noite se ia, era a manhã.
Era contradição de si mesmo,
Quando as vozes ficavam a distâncias inaudíveis,
É que sua solidão saía de suas sombras
Ocupava seus lugares, suas entranhas,
Suas dores, suas razões tortuosas,
E voltava a ser nenhum.
Era a contradição de ser o mesmo.
C.B.
Era contradição de si mesmo,
Querendo ser tudo, sabia ser nada.
Era só quando o dia impunha o vazio de seus espaços,
Quando as luzes ficavam do lado de fora,
Quando as vozes ficavam a distâncias inaudíveis,
É que sua solidão saía de suas sombras
Ocupava seus lugares, suas entranhas,
Suas dores, suas razões tortuosas,
E voltava a ser nenhum.
Era a contradição de ser o mesmo.
C.B.
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
Isso de Gostar
Tudo na vida é feito que se apaixone...
Que se deslumbre... que se desdobre....
E depois se acostume...
Acostumar-se às paixões não combina... não conjuga...
O movimento de apaixonar-se é incômodo por si...
É instável por si...
E anda em círculos...
Então... como passar pelo nosso tempo ignorando isso de gostar?
É nossa vontade de querer significados à nossa volta...
Pra viver com um pouco de sentido essa vida de vazios...
Ora inteira... ora pela metade...
Ora reta... ora torta...
Então... como passar pelo nosso tempo ignorando isso de gostar?
É nossa vontade de querer significados à nossa volta...
Pra viver com um pouco de sentido essa vida de vazios...
Ora inteira... ora pela metade...
Ora reta... ora torta...
C.B.
26/05/2008
sábado, 21 de agosto de 2010
Agora que sinto amor
Tenho interesse no que cheira.
Nunca antes me interessou
que uma flor tivesse cheiro.
Agora, sinto o perfume das flores
como se visse uma coisa nova.
Sei bem que elas cheiravam,
como sei que existia.
São coisas que se sabem por fora.
Mas agora sei com a respiração
da parte de trás da cabeça.
Hoje, as flores sabem-me bem
num paladar que se cheira.
Hoje, às vezes acordo
e cheiro antes de ver.
.
Alberto Caeiro / Fernando Pessoa
(O Pastor Amoroso)
sexta-feira, 23 de julho de 2010
Sorri...
Sorri...
Quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos, vazios
Sorri...
Quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador
Quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador
Sorri...
Quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados, doridos
Quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados, doridos
Sorri...
Vai mentindo a tua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz...
Vai mentindo a tua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz...
(Djavan)
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Mudança Radical
Fiquei pensando sobre essa notícia...
Visua novo agora é retrô?!
O novo reacende o antigo... e o torna novo de novo...
Então não é novo de verdade... Não é novidade?!
É apenas uma velha fogueira que fez da brasa queimada, novo espetáculo de luz...
Será o olhar apenas um filtro por onde o tempo segue no compasso de quem vê?
Não importa quando?
Visua novo agora é retrô?!
Um computador com visual retrô, inspirado em uma televisão da Philco de 1954, garantiu ao estúdio de design SchultzeWORKS um prêmio de uma competição para reinventar o computador pessoal de forma radical. O PC conceitual, que não está a venda, usa o moderno sistema operacional Windows 7 e tem teclas de máquina de escrever. (G1)
O novo reacende o antigo... e o torna novo de novo...
Então não é novo de verdade... Não é novidade?!
É apenas uma velha fogueira que fez da brasa queimada, novo espetáculo de luz...
Será o olhar apenas um filtro por onde o tempo segue no compasso de quem vê?
Não importa quando?
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Vida
Já perdoei erros quase imperdoáveis,
tentei substituir pessoas insubstituíveis
e esquecer pessoas inesquecíveis.
Já fiz coisas por impulso,
já me decepcionei com pessoas
que eu nunca pensei que iriam me decepcionar,
mas também já decepcionei alguém.
Já abracei pra proteger,
já dei risada quando não podia,
fiz amigos eternos,
e amigos que eu nunca mais vi.
Amei e fui amado,
mas também já fui rejeitado,
fui amado e não amei.
Já gritei e pulei de tanta felicidade,
já vivi de amor e fiz juras eternas,
e quebrei a cara muitas vezes!
Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
já liguei só para escutar uma voz,
me apaixonei por um sorriso,
já pensei que fosse morrer de tanta saudade
e tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo).
Mas vivi!
E ainda vivo!
Não passo pela vida.
E você também não deveria passar!
Viva!!
Bom mesmo é ir à luta com determinação,
abraçar a vida com paixão,
perder com classe
e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve
e a vida é "muito" para ser insignificante.
tentei substituir pessoas insubstituíveis
e esquecer pessoas inesquecíveis.
Já fiz coisas por impulso,
já me decepcionei com pessoas
que eu nunca pensei que iriam me decepcionar,
mas também já decepcionei alguém.
Já abracei pra proteger,
já dei risada quando não podia,
fiz amigos eternos,
e amigos que eu nunca mais vi.
Amei e fui amado,
mas também já fui rejeitado,
fui amado e não amei.
Já gritei e pulei de tanta felicidade,
já vivi de amor e fiz juras eternas,
e quebrei a cara muitas vezes!
Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
já liguei só para escutar uma voz,
me apaixonei por um sorriso,
já pensei que fosse morrer de tanta saudade
e tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo).
Mas vivi!
E ainda vivo!
Não passo pela vida.
E você também não deveria passar!
Viva!!
Bom mesmo é ir à luta com determinação,
abraçar a vida com paixão,
perder com classe
e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve
e a vida é "muito" para ser insignificante.
(Charles Chaplin)
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